No começo da década de 1970, o ministro Aliomar Baleeiro, então na presidência do Supremo Tribunal Federal, mandou retirar da parede o crucifixo que adornava o plenário do tribunal. Baleeiro crescera como homem público no conservadorismo da União Democrática Nacional (UDN), apoiou o golpe que derrubou João Goulart e chegou ao tribunal por meio de uma intervenção contra o Judiciário promovida por Castello Branco, através do Ato Institucional 2 (1965). Com tudo isso, o jurista baiano dizia-se agnóstico e não aceitava que o símbolo de uma crença religiosa específica pairasse sobre as cabeças de juízes responsáveis por conduzir julgamentos seculares. Apenas em 1978, três anos após a aposentadoria de Baleeiro, uma imagem do Cristo voltou ao recinto. Esculpida por Alfredo Ceschiatti, a peça ainda hoje figura no principal espaço de julgamentos do Supremo, na mesma parede onde está afixado o brasão da República – que fica abaixo do crucifixo e é menor do que ele.
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