A língua da civilidade
« João Maria de Lima »
Professor
Em uma palestra a estudantes de Letras, no começo dos anos 2000, tive o desafio de falar sobre “a relação entre o ensino de gramática e a qualidade de vida”. Sempre defendi que, ao buscarmos enfocar questões ligadas ao ensino de língua materna numa perspectiva que tangencia a visão da língua como forma de atuação social e/ou exercício de cidadania, podemos, entre muitos outros pontos, levantar a questão da gramática com a qualidade de vida das pessoas, particularmente dos alunos. A linguagem dá forma a nosso mundo e a nossa vida sociocultural e, ao mesmo tempo, reflete como e por que as pessoas de uma sociedade e cultura se relacionam, como veem o mundo.
A vida começa com amigos IV
Publicação: 2021-07-03 00:00:00
Alex Medeiros
alexmedeiros1959@gmail.com
Dias antes da mudança, meu pai levou-me para ajudá-lo a fazer uma pequena faxina na nova casa, que como as demais 2.160 unidades entregues a partir de 1975 eram branquinhas, divididas em cinco modelos de acordo com os planos de A a E que diferenciavam o poder aquisitivo dos proprietários. Eu fui da primeira geração adolescente do lugar. Éramos chamados nos outros bairros como os garotos do “Pedregal”, uma alusão à novela Ovelha Negra, da Tupi.
Quando disse no texto sobre as Quintas que Candelária seria minha Londres, é que nas primeiras semanas de morada nova, ficou evidente que as calças boca-sino, o sapato cavalo de aço e as camisas tingidas formando espirais ficaram na casa antiga, sendo sucedidos pelo estilo anos 70 que se estabelecia no fenômeno comportamental que o francês Edgar Morin chamou de “cultura adolescente-juvenil”. Era a conjuntura pós-B
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A utopia trágica
Vicente Serejo
Créditos: Divulgação
Tenho batido, Senhor Redator, no desalento de uma quase solidão, no perigo do mundo moderno nesses tempos ditos distópicos ou das chamadas utopias negativas. A utopia de Thomas Morus durou muito, mais de quatrocentos anos, venceu mundos e fundos, até esbarrar, exaurida, no avesso do ideal.
Aquela ilha, governada pela razão, não é mais uma referência do ideal, mas um destroço que mata os sonhos, esmaga a imaginação e lança o homem numa angústia sem fim.
Quer dizer: não é bem assim, simples, se a ciência exige apuro, mas é como um cronista leigo sabe dizer. A vida democrática foi usurpada pelo Messias de araque e no falso confronto das ideias livres. A tradição e seus acólitos temem perder privilégios, como se tivessem perdido em quinhentos anos. O modelo político virou um escudo típico do caudilhismo - verdade única para inimigo único. E ele, o caudilho, símbolo falso do bem; o outro, um símbolo
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