Apresentado na secção Boca do Inferno do IndieLisboa (a decorrer até 6 de setembro), o filme americano She Dies Tomorrow, escrito e realizado por Amy Seimetz, é um genuíno OVNI, por certo um dos mais fascinantes objetos que este ano chegou aos ecrãs portugueses. Mesmo a sua eventual inscrição no género de terror, começando por ser duvidosa, acaba por se revelar inadequada: nada no que nele acontece decorre desse marketing obsceno que, à custa de casas assombradas e personagens de adolescentes obrigatoriamente estúpidos, tem saturado o mercado até à náusea.
A obra do italiano Michelangelo Antonioni está de regresso às salas escuras: a partir de quinta-feira, sete filmes em cópias restauradas permitem-nos reencontrar uma época fascinante do cinema italiano e europeu.
Como filmar a pintura? Eis uma pergunta que nos pode abrir as portas de um pensamento visual que pouco ou nada tem que ver com o cliché televisivo. Não basta, de facto, organizar uma montagem acelerada de quadros e fragmentos de quadros, colocando "por cima" uma voz off que, supostamente, nos explica o "sentido" do que estamos a ver. Programado em estreia para o IndieLisboa (a decorrer até 6 de setembro), o documentário Vieirarpad, de João Mário Grilo, nasce de um sereno enfrentamento de tal pergunta, envolvendo-nos numa beleza que se tornou rara, não apenas no cinema, mas em todos os ecrãs.
Há uma perversão simbólica no espaço das nossas culturas. Exatamente: culturas, no plural - diferentes, contrastadas, não poucas vezes inconciliáveis. Que perversão é essa? O liberalismo informativo que domina as representações sociais do futebol.