Colunista do Observador
O novo totalitarismo /premium
O activismo "woke" não consiste numa qualquer libertação, mas na mais audaciosa proposta de aumento do poder do Estado no Ocidente desde os totalitarismos dos anos 1930.
02 jul 2021, 01:00
O Tribunal Constitucional, por maioria, considerou que a propaganda nas escolas da ideologia associada à “autodeterminação da identidade de género” não podia resultar de uma mera medida administrativa. O facto de o governo ter pensado o contrário revela o carácter autocrático do activismo “
woke” que inspira essas iniciativas. Muitos dos seus temas – a “construção social dos sexos”, o “racismo sistémico”, o “patriarcado”, etc. — surgiram na “contra-cultura” da década de 1960, mas este não é um movimento vindo de baixo. Nas universidades, é conduzido pelos professores; na economia, é apoiado pelas grandes multinacionais; na sociedade, é popular entre as elites; na comunicação social, é promovido pelos órgãos ditos “de referência”. É um movimento do poder estabelecido, e tem como objectivo a intensificação do controle da sociedade por esse poder.