Morte e vida no mesmo documento
No ano em que a pandemia confrontou os brasileiros com a ameaça de morrer, número de testamentos foi recorde no país
Lianne Ceará
16jul2021_14h38
Ilustração de Carvall
Acostumada a presenciar discussões de clientes em inventários, a advogada paulistana Giselle Ferrari, de 46 anos, pensava em fazer um testamento para prevenir futuros problemas familiares. “Já presenciei brigas enormes de família. Recentemente fizemos um inventário onde um irmão não queria ver o outro, tínhamos que usar salas separadas no escritório. Isso é muito frequente”, lembra. Mesmo assim, o testamento era pensado como plano para o futuro, quando a velhice chega e faz pensar que a morte está próxima. Mas veio a pandemia, e Ferrari perdeu vários amigos, inclusive mais novos do que ela. Com o vírus amedrontando o mundo, o risco parecia mais próximo, e a reflexão sobre a morte, única certeza da vida, se tornou mais frequente.