Cemitério continental
Rubens Lemos Filho
rubinholemos@gmail.com
O cemitério continental que abriga os revoltados pela derrota para a Argentina estava inaugurado bem antes da perda da sem graça Copa América. Ficou pronto primeiro do que o jamais inaugurado campo santo de Sucupira do Odorico Paraguassu novelesco de Dias Gomes. Faltava ao povo respirar sufocado o mau cheiro do defunto. Glória e desgraça nascem na instalação de cada tijolo. Pedra de construir e trator de eliminar.
Créditos: WERTHER SANTANA
Havia no rosto familiar do poste ou do meio-fio a expressão abismada do patético vexame. Nas pessoas, a tristeza enlutada do surpreendente. Ora, é muito mais fundamental do que cobrar um novo futebol brasileiro, renascido na sua própria natureza de beleza e arte, a sensatez de reconhecer que tudo começou bem antes do jogo contra a Argentina.